O Brasil prova que, no amor e na guerra, realmente vale tudo

Na última sexta, 31 de janeiro, véspera da eleição das mesas diretoras do congresso, em reunião fechada em Brasília, o presidente afirmou que, daquele momento em diante, estava decretado o fim da paz e do amor para com a oposição. “Agora é guerra” teria dito ele.
Eleitoralmente falando, a fala faz sentido, uma vez que, movido pelas últimas pesquisas (infladas pela crise do PIX) e observando as entrevistas de Gilberto Kassab, Ciro Nogueira e Arthur Lira, qualquer presidente em seu lugar teria uma postura semelhante. Ficar parado na porta de casa vendo a carreata do adversário passar não é postura de um candidato experiente como Lula.
Passados 5 dias, pudemos perceber que o governo pretende mobilizar todas as suas frentes nesse novo momento. Do Instagram à bancada na Câmara. O caso dos bonés está aí para não nos desmentir. Começaram com dez, e refizeram mais duzentos… O problema, além de achar 190 cabeças, é que, quando um governo reconhecidamente analógico resolve magicamente guinar sua estrutura de comunicação e utilizar das mesmas ferramentas digitais que seus adversários gerenciam há anos para lhe emparedar, os cuidados precisam ser redobrados. Como todo novo armamento, é preciso muito treino antes de colocá-lo em combate.
Agora, mais importante que a fala, seu vazamento para jornalistas (nada acontece em Brasília por acaso), e a guerra dos bonés, o que deveria ter ganhado espaço no noticiário é a lista dos presentes na reunião. Quando se declara guerra, os comandantes de tropa são os primeiros a serem informados. Fica a pergunta: tinha algum togado recebendo a notícia?!