A culpa é minha, coloco em quem quiser

Até ontem, ninguém tinha ouvido falar do SINDINAPI, o Sindicato Nacional dos Aposentados e Pensionistas Idosos, entidade que, segundo seu presidente – Milton Cavalo, atua há 25 anos em defesa de seus associados. Na verdade, milhares de pensionistas ouviram sim falar do SINDINAPI, mas só quando percebiam descontos não autorizados em suas aposentadorias (algo em torno de 30 reais mensais), desde que o golpe começou. Agora, voltemos no tempo.

Em 29 de junho (dia de São Pedro e meu aniversário) de 2018, o fim da contribuição sindical obrigatória foi sacramentado pelo STF. Como nunca trabalho neste dia, geralmente faço o que mais gosto: ler notícias políticas, daí a lembrança. Desde então, muito se discutiu sobre o futuro dos sindicatos, já que, sem a receita obrigatória garantida pela lei anterior, precisariam se virar para mostrar relevância e continuar com seus sindicalizados pagando em dia.

Mas já faz um tempinho que essas reclamações sumiram. Parece que as coisas se ajeitaram, uma vez que paramos de ouvir as lamúrias dos presidentes dessas entidades. Como na coletiva de imprensa de ontem o Ministro da Justiça Ricardo Lewandowski afirmou que o esquema descoberto havia começado lá em 2019, resolvi investigar, já que a data era próxima ao sepultamento da contribuição obrigatória. Fazia sim sentido correrem atrás do prejuízo tão logo o Supremo batesse o martelo e acabasse de vez com os pagamentos compulsórios.

Sem saber por onde começar, fiz o simples. Procurei no RECLAME AQUI por demandas sobre as 11 entidades envolvidas na fraude, todas citadas pela Polícia Federal e pelo Ministério da Justiça: SINDINAPI, UNASPUB, CONTAG, AMBEC e por aí vai… sabe o que encontrei?! Com exceção da CONTAG (que me parece ser a mais ativa), esses sindicatos não possuem reclamações por descontos indevidos anteriores a 2023. Na verdade, algumas possuem sim, mas em números absolutamente irrisórios, cinquenta, sessenta vezes menos, quando comparados com 2023, 2024 e 2025.

Raciocinando mais uma vez, realmente pareceu-me pouco razoável acreditar que, em pleno governo Bolsonaro (sobre quem recaem inúmeras ressalvas minhas) haveria a conivência de tantas pessoas para dar cabo a uma maracutaia explícita justamente para benefício de dirigentes sindicais… realmente, difícil de engolir. Outro fato que levantou suspeita é que NENHUM nome envolvido na gestão anterior, seja no INSS ou no ministério havia sido citado, nem na investigação, nem na coletiva de imprensa. Até parece que a PF e o Ministério da Justiça não dariam destaque a um nome relacionado a Bolsonaro se ele, de fato, existisse e tivesse participação no esquema. Vide a preocupação em registrar as falhas como originadas em 2019!!!

Mas essa questão também passará, como todos os escândalos de corrupção que aconteceram no Brasil até hoje passaram. Para você ter uma ideia, deixaram até passar o nome do vice-presidente do SINDINAPI… realmente, a máxima não mente: o dono da culpa tem licença para colocá-la em quem quiser.

Para ler mais acesse: pedrosenna.com.br

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