Plano Safra e as mãos atadas do agricultor brasileiro

O governo anunciou o “desbloqueio” de 4,1 bilhões para o Plano Safra 2024/25. Por falta de recursos e sem a aprovação do orçamento 2025 pelo congresso graças a Flávio Dino, novos contratos haviam sido suspensos na última sexta-feira, 21. O Ministro Fernando Haddad deu a notícia ontem como se fosse uma grande conquista do governo, mas se esqueceu de mencionar que esse valor representa apenas 1,8% dos 215 bilhões em empréstimos que faltam ser liberados para o agronegócio brasileiro, justamente na fase da colheita de uma das maiores safras da nossa história.

Do lado de cima do hemisfério, hoje pela manhã, e após 35 dias desde sua posse como chefe do departamento de eficiência do governo, Elon Musk também fez um anúncio: ao lado do presidente Donald Trump, ele revelou ter economizado 65 bilhões de dólares dos cofres americanos. Esse valor é decorrente do cancelamento e renegociação de contratos, da venda de ativos, de demissões e mudanças regulatórias. São incríveis 377 BILHÕES de reais (na cotação de hoje) economizados em questão de dias com uma equipe de 30 pessoas, das quais os 6 mais credenciados tem entre 19 e 24 anos de idade. Fala-se até em devolver um cheque para cada um dos 79 milhões de contribuintes pessoas físicas nos Estados Unidos. Óbvio que isso não vai acontecer, mas estima-se que, ao final da missão do DOGE, a economia pode render até 5 mil dólares para cada pagador de imposto. É muito dinheiro…

É impossível não refletir se no Brasil não cabe algo semelhante (o corte, não a devolução!!!). Nada justifica, por exemplo, a renúncia fiscal de 16 bilhões para a Lei Rouanet, nossa suprema corte custar 39% a mais por ano que a família real inglesa, gastarmos 5 bilhões a cada dois anos para financiar eleições e faltar dinheiro para nosso maior ativo, ainda mais num período de pressão inflacionária no preço dos alimentos.

Ou o Brasil passa a falar sobre o que realmente precisa ser feito e o governo começa a trabalhar pensando em resolver os problemas fiscais (fonte de todos os outros) e não os problemas de popularidade, ou antecipamos logo o debate de 2026 e cobramos as propostas dos presidenciáveis, ignorando quem não se mexe. O risco da paralisia econômica é sério, é o próximo presidente pode ser forçado a amputar uma mão, porque o atual se recusa a aparar as unhas.

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