A imprensa que polariza até a guerra.

Em algum grupo de whatsapp da redação de algum jornal deve ter circulado a notícia de que com as guerras atuais, era possível faturar politicamente em favor da ideologia e trazer mais verbas de anunciantes alinhados para garantir diárias melhores para os repórteres. Só pode ser isso o que aconteceu no Brasil em algum momento assim que a Rússia resolveu invadir a Ucrânia…

E certamente a mensagem se repetiu em outubro de 2023, quando o Hamas atacou israelenses numa rave. É a única justificativa para a mídia brasileira ter seus exércitos favoritos nas três principais frentes de batalha acontecendo no momento. Três porque Ucrânia e Rússia fazem uma, e Israel, Hamas e Hezbollah fazem outras duas. Numa fronteira Israel batalha contra adversários na Palestina, e em outra, com adversários no Líbano.

Triste como toda guerra nunca deixará de ser, o cenário, lamentavelmente, é apenas por pouco mais triste do que ver o que as manchetes vem fazendo ao noticiar as explosões. Que vivemos um mundo em que as matérias estão cada vez mais curtas, e quase sempre em vídeos, é compreensível que as notícias fiquem cada vez mais superficiais. Mas tudo tem limite. Até as coisas mínimas.

Jornalistas famosos me ensinaram nos anos 90 que antes de tudo uma notícia é uma história. E toda história precisa de personagens e atitudes. Sem isso, temos uma opinião, como este texto. E opinião sempre tem lado. O de quem conta.

Com isso em mente, descobri que não estamos mais noticiando as guerras, e sim onde os inimigos da imprensa erraram seus alvos e acertaram inocentes. Os nossos inocentes. Venho de uma família de marceneiros. E com eles, aprendi que, quando só se tem martelo, tratamos tudo como se fosse prego… Afinal, se eu tenho uma ideologia, vou transformar minhas matérias (até aquelas sobre a guerra), em munições para nosso comercial. Quem sabe assim, as diárias não melhoram…

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