O tarifaço e a tábua de salvação das desculpas

Um grande amigo, já não mais entre nós, dizia sempre: “Quando o jogador é ruim, até a bola atrapalha”. E, para mal jogador no campo econômico, o que não anda faltando nesses dias é bola para atrapalhar.
Obviamente, nesses primeiros dias de bolsas abertas após o anúncio das tarifas por Trump, a volatilidade macroeconômica será imensa, afinal, estamos diante de uma enorme reorganização no comércio internacional. Mas o que estamos vendo, além disso, é um baita destempero por parte de nossos analistas de mercado, que resumem tudo a Lula x Bolsonaro e se recusam a enxergar as infinitas oportunidades que se abrirão para países como Chile e África do Sul e, principalmente, Brasil.
Do lado americano, algo precisava ser feito, seja por democratas ou republicanos. A percepção do quanto a economia americana vem perdendo sua pujança clássica dos anos 1980 é visceral. Quem teve a oportunidade de visitar os Estados Unidos frequentemente nas últimas duas décadas percebe claramente como eles já não são mais tão diferentes do resto do mundo como eram no início dos anos 90. Um posto de combustíveis com suas bombas automáticas e lojas de conveniência que mais pareciam shoppings eram motivo de brasileiro, francês e italiano baterem fotos. Uma Walgreens e um Target deixavam turistas doidos, e os aeroportos e suas highways com três ou quatro “andares” de viadutos chocavam qualquer um que viesse de qualquer lugar… Mas hoje, essa diferença acabou. O salto econômico americano após a crise do petróleo na década de 70 foi consumido pelo restante do mundo, e em grande parte pela imigração descontrolada, pela capacidade que a China teve de se colocar como a fábrica do mundo e pela percepção, sobretudo da Europa, de que os Estados Unidos devem pagar mais que todos em tudo.
Resultado: o americano empobreceu como nunca, e isso ocorre desde antes da crise de 2008. Comprar casa de 320 mil dólares não é mais uma realidade de quem trabalha no Wall Mart. Dunkin’ Donuts (agora só Dunkin’) virou refúgio de sem-teto em muitas cidades, e a Califórnia, com seus zumbis à base de fentanil, está aí para provar a necessidade de mudanças urgentes.
E elas vieram, todas de uma vez, como prometido em campanha eleitoral. Os americanos estão fazendo certo, evitando o colapso enquanto dá tempo, equilibrando o jogo e estancando fluxos injustificáveis de recursos para problemas de outras nações antes que seja tarde demais. Tomemos o caso da Alemanha… Desde Angela Merkel, o alemão se afunda em dívidas, desemprego, falta de investimentos e gastança inflacionária. A Alemanha não consegue sequer se aquecer no inverno sem a Rússia… Quem diria…
Taí: Merkel e Scholz (seu sucessor) são dois exemplos de pernas de pau dos quais ninguém ousa falar mal. Eles se especializaram em fazer graça com dinheiro público e em colocar a culpa em tudo, menos em si. Nesse campeonato série “Z”, conhecemos outros. Ah, como conhecemos…