Tudo pela ideologia

Dando uma revisada aqui na vida, percebi que uma das tags do meu site para os textos é “Análise da Notícia”. Eu mesmo pedi para ter, mas quase nunca usei, já que soa soberbo, meio boçal… Quem sou eu para analisar o trabalho alheio? Mas acordei hoje escutando o podcast O Assunto, do G1. A razão pede para não escrever… nem sempre ganha.

É absolutamente legítimo que empresas jornalísticas defendam lados… são corporações que recebem dinheiro de outras e, eventualmente, do governo. Sem falar do simples viés pessoal de cada profissional. A grande maioria deles passa ao largo das decisões comerciais. Eles apenas se sentem tranquilos para escrever com base na sua própria ideologia, o que também é absolutamente legítimo.

Agora, abrir um texto de capa do podcast e deparar com a seguinte afirmação é bem desconcertante: “O presidente americano sistematicamente avança sobre pilares da democracia dos Estados Unidos. As pressões que Trump já submeteu parte da imprensa e das universidades chegaram também à Justiça do país”.

No que tange à imprensa, estão se referindo aos processos abertos por ele e sua esposa contra jornalistas e empresas como a MSNBC e o programa The View, da CNN, por calúnia e difamação. O segundo é por conta da suspensão dos repasses federais às instituições de ensino que não coibirem manifestações de apoio a grupos terroristas ou ainda às instituições que permitirem atletas trans competindo com atletas mulheres. Poderiam também estar se referindo à cassação do visto e posterior deportação da estudante turca Rumeysa Ozturk, de 30 anos, por manifestações em solo americano pró-Hamas. Acontece que a juíza federal Denise Casper suspendeu a deportação da estudante, e isso está gerando uma série de debates sobre o alcance desse tipo de medida por parte do Judiciário.

Em tempo: qualquer um que tenha preenchido o formulário DS 160 para obtenção de visto nos Estados Unidos sabe que eles perguntam diversas vezes se você pretende ou não defender ou se manifestar favoravelmente a grupos terroristas. Está lá, escrito, bem bonitinho para qualquer um ler… E, pela lei americana, o Hamas é um grupo terrorista e, portanto, não pode receber apoio declarado em solo americano.

Mas no bendito podcast, em momento algum esses exemplos são citados. É tudo genérico, amplo, superficial… Falam apenas da Associated Press, que, por se recusar a mencionar o nome Golfo da América no lugar de Golfo do México, teve seu acesso restrito ao Salão Oval, e do juiz que proibiu que aviões com membros da organização criminosa venezuelana Tren de Aragua fossem para El Salvador, já que Maduro se recusou a receber seus próprios cidadãos. Ah, claro que não disseram que eram membros de gangue já condenados…

Recomendo o podcast, e tire suas próprias impressões. As minhas são que Trump é nefasto e que desafia a Justiça e os juízes libertários que se recusam a abaixar a cabeça para seus decretos autoritários e muitas vezes criminosos. Criticam até mesmo o fato de ele recorrer às instâncias superiores dessas decisões monocráticas, como se isso fosse uma medida abjeta por parte do presidente… Claro, sabem bem que a Suprema Corte americana tem ampla maioria conservadora, e fingem esquecer que o cidadão americano, depois de dar uma esmagadora vitória ao republicano nas urnas, tem se manifestado nas últimas pesquisas ainda mais favorável a todas essas medidas. O americano não quer terrorismo, não quer imigrantes ilegais, não quer atletas trans em esportes femininos, não quer financiar políticas públicas em outros países e não quer diversidade nas forças armadas nem nas profissões de segurança. Mas não dá para criticar uma nação inteira, é mais fácil concentrar os esforços em uma pessoa só.

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