Um país sem plano algum?
O fim do carnaval para Brasília significa o fim da boa vontade com qualquer trapalhada que qualquer governo tenha feito desde o recesso judiciário, lá em dezembro. Quem vive da política exerce uma atividade 18h por dia, de segunda a domingo, do minuto em que acorda, ao minuto em que vai dormir. Cansa. São dezenas de reuniões num mesmo dia e com todo tipo de gente: quem pede dinheiro, quem pede atenção, quem é amigo e quem passaria com o carro sobre você sem pestanejar. É encontro com advogado, assessor, outros políticos, receber em casa, no restaurante, no carro… não é mole, acredite.
Por isso mesmo, lambanças nesse período de “descanso” tendem a ser relevadas por todo o ecossistema: aliados, oposição, e de uns anos pra cá, até instituições que se mantinham alheias como a PGR e os tribunais superiores dão aquela aliviada. A política rasteirinha é o que rola. Janones e sua rachadinha confessa e perdoada pelo Gonet estão aí pra não deixar mentir. Mas é acabar o carnaval, que tudo volta ao normal. O aliado quer mais cargo, o inimigo quer seu sangue. E se o governo acha que teve um início de ano pesado, é porque ainda não precisou do Congresso pra nada em 2025.
Mas o que chama a atenção mesmo é ver um governo pra lá de experiente não ter se preparado para isso. E olha que tempo e motivo não faltaram. É pix, popularidade, inflação, Plano Safra, Trump… sem falar nas pretensões em renovar por mais quatro anos o aluguel no palácio. Não vemos nenhum pacote de medidas à vista, nenhuma proposta para reduzir juros ou uma reforma política capaz de mostrar algum serviço e garantir a mínima governabilidade.
Ontem, ficamos sabendo que teremos um ano recorde em verbas publicitárias, superando 3,5 bilhões de reais. Serão 21 órgãos contemplados, incluindo os inusitados e estreantes INMETRO e SERPRO. Só os Correios, beirando a insolvência, irão gastar 380 milhões com publicidade em 2025. País sem plano?! Jamais. Plano de Mídia não vai faltar.
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