Ele vem.

O grupo de Whatsapp dos federais do PSOL anda meio paradão. E não é de hoje. Vindos do Rio Grande do Sul, Rio, São Paulo e Minas, estados fundamentais para a esquerda, os representantes estão rachados. Um lado é maior, mais pragmático, e conta com Guilherme Boulos e sua cumbuquinha de votos ULTRA importante para os planos de sucessão no Planalto. O outro é menor, mas faz mais barulho, e possui mais engajamento nas redes, um ativo que a esquerda não pode descartar. É o grupo do casal Sâmia e Glauber. Do lado deles, Gleisi é exemplo de serenidade e parcimônia.
E acredite, isso acontece porque até no PSOL tem gente querendo largar a mão do governo. A ala mais radical não está feliz em baixar a cabeça pra tudo que vem de lá, principalmente nos acenos ao União Brasil e ao PSD. Já a Rede Sustentabilidade (que faz a Federação com o PSOL) praticamente só tem a Marina Silva, ministra do Meio Ambiente como relevante. E ela vem sendo cozida em água morna desde que Lula enxergou no petróleo da foz do Amazonas o seu novo pré-sal. Marina está no governo só esperando passar a chuva das más notícias de início de ano. Lula quer outro nome, que faça no IBAMA o que Marcio Pochmann vem fazendo no IBGE. Pra isso, ela precisa sair. Deveria, inclusive, entregar o cargo, mas não vai, para a tristeza dos governistas que clamam por boas novas para Sidônio fazer sua mágica. Marina sairá de levinho, numa sexta, como entrou Gleisi, e quando isso acontecer, o PSOL se sentirá livre das obrigações com a REDE, e poderá pensar em se juntar ao PT em outra Federação (o que deseja Boulos), ou seguir independente, como quer a ala mais radical.
Para não perder Boulos, votos importantes no Sudeste e mostrar uma esquerda unida, Lula vai trazê-lo para perto, “assinando sua carteira” como novo Secretário Geral da Presidência, no lugar do petista Marcio Macedo. A desculpa será colocá-lo como interlocutor junto aos movimentos sociais, já que teve no MTST sua catapulta política. Mas o real motivo taí em cima. Com Gleisi e Boulos, a reforma ministerial começa trazendo mais pergunta que resposta, mais problema que solução. Mais alta no dólar, mais queda na bolsa e menos Haddad, com mais dúvidas quanto a seu arcabouço. À direita Lula nunca teve votos, vem perdendo o centro com Paulinho da Força e Kassab, se perder um pedacinho da esquerda que seja, todos os partidos vão liberar seus deputados para votarem como quiserem, tendo ou não ministérios em Brasília. É a desculpa que todos os dirigentes aguardam. A útima vez em que isso aconteceu, a presidente era Dilma. É por essas e outras que ele vem. E como vem…