Precisamos ir mais fundo em certos debates

Papel e post aceitam tudo. Mas é necessário compreendermos que algumas palavras tem significados históricos profundos, e utilizá-las de forma gratuita ou ignorante pode ter implicações muito graves. A expressão “Palestina livre do rio ao mar” é uma delas.

A sentença é uma referência geográfica, mas para que isso algum dia ocorra (o rio na frase é o Jordão, e o mar é o mediterrâneo) há um monumental entrave: entre um e outro existem o Estado de Israel e a Cisjordânia, e cidades como Tel Aviv, Jerusalém e Hebron (uma das mais antiga do mundo a ter sido sempre habitada).

É justíssimo que as pessoas tomem lado nesse debate, e usem sua liberdade para que ele ocorra de maneira responsável, e acima de tudo, frutífera. Politizar a discussão, trazendo a Palestina para um espectro ideológico, e jogando Israel para o outro é muito pequeno. As consequências do que vem ocorrendo na região há 15 meses levarão anos para serem superadas. Infraestrutura, telecomunicações, rede elétrica, organização política… são coisas caras, difíceis de reconstruir, que demandarão esforços reais, obra, dinheiro… não vai ser na base do textão no instagram que serão resolvidas. É vida real, é escola, hospital, organizar uma eleição, mudar pensamentos e objetivos.

O conflito na região é um dos mais complexos do planeta, sem perspectivas de solução definitiva. Logo, o objetivo de todos deve ser a paz e a coexistência pacífica (mesmo frágil), que resulte em mulheres virando mães, crianças virando adultos, e adultos virando idosos, sem terrorismo e sem bombas interrompendo essa timeline. Se você não pode promover esta paz, evite frases que inflamam a guerra. Nem sempre a ignorância é uma bênção.

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