Como entender Brasília em 2025.
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O momento da política nacional está bem confuso, parecendo um saco de cruz com bicicleta e umas pipas. Tudo junto e misturado. E os motivos são muitos. Vejamos:
A) Presença da delegação da OEA para avaliar possíveis violações à liberdade de expressão no Brasil cometidas por tribunais superiores;
B) Boatos de que Alexandre de Moraes estaria desbloqueando perfis em redes sociais para dar ares de imparcialidade às suas decisões, justamente por conta dessa delegação. Outro zum zum zum que não ajuda menciona ainda que ele poderia ser preso caso entre nos Estados Unidos;
C) Senador Marcos do Val em clima de teoria da conspiração anunciando que essa visita seria um jogo de cartas marcadas para isentar as instituições, uma vez que o juiz brasileiro na Corte Interamericana de Direitos Humanos, Rodrigo Mudrovitsch trabalharia em favor do STF, uma vez que ele foi advogado de Gilmar Mendes e professor do IDP (instituição de Ensino Superior de propriedade do ministro), além de ter sido orientado por ele em seu trabalho de conclusão de curso. O senador afirma ainda ter recebido informações diretas do Secretário de Estado americano, Marco Rubio, para que ninguém fornecesse informações à delegação. A teoria conspiratória afirma que o relatório já está pronto, e mostrará que não há perseguição política no país;
D) Declarações do Deputado Hugo Mota, novo presidente da Câmara, de que não houve tentativa de golpe de estado em 8 de janeiro de 2023. Soma-se a isso alguns boatos de que o projeto de anistia aos condenados pode ser pautado em breve. Isso irritou a base governista na casa, que aposta nisso para as eleições de 2026;
E) Informações vindas de Washington de que a USAID (Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional) teria financiado desde 2020 grupos como Sleeping Giants, Instituto Felipe Neto, Agência Lupa, entre outros, para a produção de relatórios que embasaram decisões judiciais que removeram perfis em redes sociais, alegando “caos informacional” por parte de aliados do então presidente Bolsonaro e assim desequilibrando as eleições;
F) Oposição juntando número recorde de assinaturas para abertura de impeachment de Lula por pedalada fiscal no programa Pé de Meia e gastos com staff não oficial de Janja sendo questionados no TCU;
G) Fragilidade administrativa do governo, demonstrada pela falta de políticas fiscais mais efetivas, rombo nas estatais, declarações equivocadas do presidente Lula, e a competência de Sidônio Palmeira sendo questionada, já que quanto mais o presidente fala, pior fica a imagem do governo;
H) Aumento da previsão de inflação para 2025, mesmo com a elevação da SELIC e Campos Neto sendo citado por Lula como responsável por uma arapuca ao deixar o Banco Central;
I) Anúncio de linhas de crédito para empréstimo consignado a pessoas com carteira assinada, justamente num momento em que o país precisa reduzir a pressão inflacionária;
J) A crise das quentinhas e as ONGS ligadas à família Tato;
L) E pra terminar, o projeto do deputado Eros Biondini, que prevê a redução da idade mínima para disputa de vagas no senado e nos governos estaduais, que beneficiaria tanto o Dep. Nikolas Ferreira, quando o prefeito de Recife, João Campos.
Brasília é movida por fatos e boatos. Nessa sacola de caixeiro viajante em que cabe de tudo, esses dois componentes transbordam. O ano de 2025 será inteiro assim, confuso e pautado por uma guerra de narrativas. Repare que sequer mencionamos os fatores externos, como faritaço de Trump ao aço e alumínio, nem as pequenas crises, como a de credibilidade que ronda o IBGE. Para piorar, com a guerra declarada entre a mídia oficial e canais alternativos no youtube, parece que o saco de cruz vai ficar zanzando solto por muito tempo no porta malas de um dos BYD entregues de presente a autoridades dos três poderes em Brasília. O ano promete.